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Entrevista – Marcinho Oliveira: “Agora o 25 está sob nova direção na Bahia”
Entrevista – Marcinho Oliveira: “Agora o 25 está sob nova direção na Bahia”
Por Política Livre
22/09/2025 às 12:18

Foto: Divulgação/Arquivo
Novato na Assembleia Legislativa, o deputado Marcinho Oliveira surpreendeu o meio político baiano com uma votação expressiva na primeira eleição, em 2022, ultrapassando a marca dos 104 mil votos. Agora, às vésperas da reeleição, fez um movimento que também causou impacto e o colocou no patamar de liderança estadual: deixou o União Brasil de forma consensual e retirou da batuta do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), o comando do PRD.
Nesta entrevista exclusiva para o Política Livre, Marcinho revela planos ambiciosos para o partido, que ainda é pequeno na Bahia. A prioridade é eleger uma bancada de até seis deputados estaduais e emplacar um federal em 2026. Para isso, além das articulações no campo político, conta com a força do número da sigla: o 25, que marcou época nos tempos áureos do carlismo.
Marcinho, que costumava votar a favor do governo mesmo quando estava no União Brasil, fala ainda sobre a relação com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), bem como com o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). Confira abaixo a íntegra da entrevista.
O senhor deixou na semana passada o União Brasil e assumiu a presidência do PRD. Logo depois, subiu no palanque do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em uma agenda em Ribeira do Pombal. Está oficializada a sua adesão à base do governo?
Veja, sempre participei de atos ao lado do governador nos municípios onde fui votado, nos quais sou representante. Mesmo quando estava no União Brasil fui criticado por isso por alguns colegas mais exaltados do partido. Mas fui eleito para representar quem me elegeu. Nunca poderia dar as costas ao povo por questões ideológicas ou partidárias. Se o governador vai a uma cidade que represento, onde tive votos, para anunciar benefício, e sou convidado a participar do ato, qual o problema em ir? Nunca tive medo de pressão, porque meu mandato é pautado pelos interesses legítimos de quem confia em mim nas urnas. Na Assembleia, sempre votei a favor dos projetos do Executivo que são bons para os baianos, a exemplo dos empréstimos que permitem obras como a construção do Hospital do Sisal, em Serrinha, o rodoanel de Monte Santo, investimentos em estradas e segurança pública, entre outros. A diferença agora é que farei isso de forma mais leve, livre, sem sofrer pressão de ninguém, como parlamentar da base do governo.
"Contamos hoje com 12 pretensos candidatos a deputado estadual com níveis de competitividade e votações equilibradas, com chances reais de vitória. Queremos eleger os deputados com menor número de votos da Bahia"
Então o senhor saiu de vez do campo da oposição e está oficialmente na base agora?
Estou mais leve, dialogando de forma independente com o governo, votando nos projetos do governador, participando das agendas. Agora sem pressão de ninguém e sem rótulos.
PRD e Solidariedade formam uma federação e atuarão conjuntamente. Mas parece que o senhor tem uma posição diferente do presidente do Solidariedade na Bahia, deputado Luciano Araújo, sobre o ingresso de novos parlamentares no grupo. Ele é a favor e o senhor contra.
Isso vai ter que ser dialogado no âmbito da federação. Nosso intuito é, de fato, que não entre mais ninguém de mandato. No PRD queremos seguir assim. Contamos hoje com 12 pretensos candidatos a deputado estadual com níveis de competitividade e votações equilibradas, com chances reais de vitória. Queremos eleger os deputados com menor número de votos da Bahia. Ou seja, estamos montando o partido para que ele seja atrativo e competitivo, principalmente para quem não tem mandato de deputado, no estilo que o próprio Solidariedade usou em 2022, num trabalho coordenado pelo então vereador de Salvador Adriano Meireles, atual secretário-geral do PRD. A diferença agora é que já temos deputados eleitos, como eu, Luciano e Pancadinha (Solidariedade).
Adriano estava cotado para comandar o PRD no Estado. Por que não deu certo?
O partido em nível nacional está dando prioridade para pessoas com cargos eletivos assumirem comandos regionais, para que haja representatividade maior nos estados. Além disso, tenho excelente relação com lideranças nacionais do PRD, como o deputado federal Fred Costa (MG) e o presidente Ovasco Resende. Adriano é um excelente quadro da política baiana e está pessoalmente alinhado comigo. Caberá a ele a tarefa de montar as chapas proporcionais do PRD, como fez no Solidariedade. Juntos vamos fazer o partido crescer.
Até a semana passada, o comando da sigla era do chefe de gabinete do Palácio Thomé de Souza, Francisco Elde, que não queria ceder e foi a Brasília. Houve disputa com o grupo do prefeito Bruno Reis (União)?
Olhe, o que aconteceu foi o fechamento de um ciclo no PRD da Bahia. A direção nacional acreditou no nosso projeto para o partido. Queremos sair das urnas em 2026 com até seis deputados estaduais e ao menos um federal. Esse compromisso de eleger um federal pesou muito nessas conversas com a nacional. O grupo do prefeito Bruno Reis, que admito bastante, cumpriu sua missão com o PRD nas eleições de 2024, o que resultou, inclusive, na eleição de dois vereadores do partido na capital. Desde o início das conversas com o PRD nacional fui abraçado por Fred Costa e por Ovasco Resende. Acho que foi uma mudança até natural. E quero deixar claro que, de nossa parte, não há qualquer desentendimento com o prefeito. Os vereadores do partido estão na base de Bruno em Salvador, e respeitamos isso. Temos vereadores pelo PRD em Salvador e nas maiores cidades da Bahia, como Vitória da Conquista, Juazeiro, Barreiras, Paulo Afonso, só para citar algumas. Vamos estimular a formação de comissões do partido em todas as regiões da Bahia, pois todas terão candidatos a deputado pelo PRD.
Qual foi a participação do deputado federal Elmar Nascimento (União), de quem o senhor sempre se colocou como liderado, nessas articulações?
Você falou bem ao citar Elmar. Antes das eleições de 2024, foi ele quem articulou para que o PRD fosse liderado pelo grupo do prefeito Bruno Reis. Isso foi feito lá em Brasília. Agora, Elmar também teve papel importante tanto na minha saída consensual do União Brasil quanto na minha chegada à presidência do PRD. Ele tem boas relações com as principais lideranças nacionais do partido, por conta da influência que exerce no Congresso Nacional, e vai nos auxiliar muito para que o PRD cresça na Bahia, embora continue no União Brasil. Ele compreende, e sempre compreendeu, meu diálogo com o governo Jerônimo.
É estratégia do grupo de Elmar manter o senhor na base de Jerônimo enquanto ele permanece no União, ligado ao campo de ACM Neto?
É claro que converso com Elmar. Mas Elmar sabe fazer separações. Ele é o principal deputado federal com quem faço dobradinha eleitoral nos municípios. Agora ele reconhece a independência do PRD e sempre respeitou meus posicionamentos. Lembro, inclusive, que votei a favor da reeleição de Adolfo Menezes (PSD) para a presidência da Assembleia, e todos sabem que Adolfo é adversário de Elmar, que nunca me pediu para agir de outra forma. Respondendo diretamente: não existe nada orquestrado nesse sentido de posicionamento.
O partido está aberto a pré-candidatos a deputado tanto do governo quanto da oposição. Isso significa que vai liberar seus filiados sobre a majoritária?
Inicialmente, embora eu tenha minha posição, não vejo problema em o partido abrigar candidatos de ambos os lados. Afinal, estamos contra os extremos. A polarização política, da forma como ocorre em nosso país, é prejudicial e não permite avanços. O debate precisa ser construtivo, com diálogo, sem pressão.
A decisão de entregar o comando da federação a um colegiado de quatro integrantes, dois de cada partido, conforme anunciado pelo senhor na semana passada, ocorreu por falta de entendimento sobre quem deveria presidir o grupo?
A presidência da federação na Bahia ficará com o PRD, de fato. Mas, como houve solicitação do Solidariedade para comandar também, optamos por esse colegiado para evitar qualquer atrito. Somos um partido democrático e queremos manter esse ambiente. Dessa forma, se uma deliberação empatar, quem decide é a nacional.
"Inicialmente, embora eu tenha minha posição, não vejo problema em o partido abrigar candidatos de ambos os lados. Afinal, estamos contra os extremos"
O senhor deixou o União Brasil rompido com ACM Neto, por causa de seus posicionamentos em favor de Jerônimo?
Nunca tive proximidade com ACM Neto, mas sempre tive respeito por ele. Apoiei ele em 2022. Foi um bom prefeito de Salvador. Mas não tivemos essa aproximação além do necessário. Da minha parte, continuo respeitando o ex-prefeito, mesmo não estando mais no União Brasil.
O PRD tem o 25 como número, que marcou história na época de domínio carlista. Isso será um trunfo?
É verdade. O 25 é um número forte na Bahia, com histórico forte. Esperamos que isso nos impulsione ainda mais a crescer. Não tenho dúvida de que será uma das armas que utilizaremos nesse sentido. Já orientei o pessoal de marketing do partido para preparar peças reforçando justamente essa questão do número. Agora, o 25 está sob nova direção na Bahia, entendeu?


